Brasil terá primeiro centro afiliado ao Fórum Econômico Mundial focado na indústria 4.0
O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia (Sepec/ME), Carlos Da Costa, anunciou nesta quinta-feira (7/11) que o primeiro centro afiliado ao Fórum Econômico Mundial (WEF) para a quarta revolução industrial (C4IR) do Brasil deverá entrar em operação no primeiro semestre de 2020. A ação está sendo realizada em parceria com o Fórum Econômico Mundial e com o governo do Estado de São Paulo.
As metas são estimular a adoção de novas tecnologias e melhorar a inserção do País nas cadeias globais de valor, ampliando a competitividade e a produtividade das empresas brasileiras. O lançamento do projeto ocorreu durante reunião do secretário, do governador de São Paulo, João Doria, e do diretor do Fórum Econômico Mundial, Murat Sönmez, com representantes do setor privado, no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
Sede
O novo centro tecnológico terá sua sede instalada no Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) de São Paulo, integrando o projeto Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (CITI), que visa criar o “Vale do Silício brasileiro” em São Paulo. Será utilizado um modelo já adotado pelo WEF, com financiamento das ações pela iniciativa privada. O centro vai reunir uma equipe multidisciplinar formada por funcionários das próprias empresas apoiadoras do projeto, acelerando a troca de experiências e a adoção de novas tecnologias.
A rede global do Fórum conta com centros afiliados em outros seis países – Noruega, Colômbia, Israel, África do Sul, Ruanda e Arábia Saudita – e centros globais nos Estados Unidos, na China, no Japão e na Índia. As equipes do novo centro brasileiro trocarão conhecimento com as demais unidades e, assim, vão participar do processo global de adoção de novas tecnologias.
Inicialmente, o centro no Brasil atuará com políticas de dados, Indústria 4.0, internet das coisas (IoT), cidades inteligentes e blockchain, tecnologia de registro distribuído que visa a descentralização como medida de segurança.
De acordo com Da Costa, o Brasil ainda está longe da maturidade na indústria 4.0. “Somente 7,5% das empresas usam Indústria 4.0 com excelência, e só 2% das empresas brasileiras estão no estágio mais avançado de indústria 4.0, o que dá a dimensão da importância dessa parceria”, afirmou.
Pequenas e médias empresas
Para inserir as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) na quarta revolução industrial, haverá ações específicas. A partir de 2020, um grupo de 130 pequenas e médias empresas manufatureiras será o primeiro a testar esta abordagem proposta de desenvolvimento proposta pelo Fórum Econômico Mundial, pelo Ministério da Economia e pelo Estado de São Paulo. A meta é atingir um total de duas mil empresas até 2021, dentro do Programa Brasil Mais Produtivo da Sepec/ME.
As PMEs representam 98,5% das empresas no Brasil e mais de 90% de todas as empresas no mundo. Nos mercados emergentes, essas empresas são as principais motivadoras de oportunidades econômicas e mobilidade social. Sete em cada dez empregos são criados por pequenas e médias empresas, aponta o Banco Mundial.
O programa piloto está testando 11 intervenções de políticas específicas, incluindo suporte financeiro inovador, acesso a apoio especializado com colaboração da indústria e conscientização e treinamento dos funcionários em habilidades necessárias na Indústria 4.0.
“Trabalhar com o Fórum Econômico Mundial representa um importante passo adiante em nossos objetivos de levar a quarta revolução industrial para as PMEs no Brasil. Esse projeto piloto nos permitirá reavaliar as políticas implementadas pelo governo até agora e canalizar nossos esforços para fazer um impacto real em termos de produtividade, habilidade da força de trabalho e disposição das PMEs de investir em tecnologias emergentes”, avalia o secretário Carlos Da Costa.
Desafios
“As esperanças de crescimento econômico inclusivo e sustentável dependem de nossa capacidade de ajudar a levar as pequenas e médias empresas para a quarta revolução industrial”, afirmou o chefe de IoT, Robótica e Cidades Inteligentes do Fórum Econômico Mundial, Jeff Merritt. “Os governos têm a oportunidade não apenas de reduzir as barreiras à adoção [de novas tecnologias], mas também ajudar a posicionar essas empresas para o sucesso em uma economia global em rápida evolução”, reforçou.
A secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Patricia Ellen da Silva, lembrou que esta é a primeira vez que estão sendo reunidos formuladores de políticas, academia e indústria para alinhar e trabalhar em conjunto nas políticas da Indústria 4.0. “Com as PMEs constituindo mais de 98% das empresas no Brasil, e mais de 90% no mundo, a necessidade dessas políticas é urgente e a demanda é imensa”, analisou.